Folha da Bahia

Quem você escolhe ser? Entenda por que esquecemos algumas memórias

Pode parecer muito estranho, mas todos os especialistas em memória afirmam que o ser humano é o que decide esquecer! Mas como seria possível isso? Não estamos falando aqui da falta de memória em razão de estafa mental. Isso seria uma doença (burnout) e deve ser tratada como tal.

Estamos falando daquilo que escolhemos esquecer, seja consciente ou inconscientemente. O ser humano não consegue viver um momento sequer que seja “não emocional”, isto é, todos os momentos vividos por nós são momentos carregados de emoções.

neurociência explica que, dependendo da carga de emoção que sentimos, o momento vivido se fixa em nossa memória de uma forma predominantemente irreversível. Assim, se esquecemos algo é porque escolhemos que aquela informação não é útil ou não merece ser revisitada.

Ivan Esquerdo, o maior especialista em memória do mundo, define que:

“As memórias são:

i) as aquisições de informações provenientes do externo ou interno do indivíduo;

ii) suas conservações;

iii) eventuais evocações das mesmas”.

O que faz com que seu cérebro opte por esquecer uma memória ou avaliá-la como importante é a emoção que sentiu ou viveu em determinado momento. Essa emoção é representada pelos seis sentimentos primários que sente todo ser humano independentemente da cultura: medo, tristeza, raiva, nojo, surpresa e alegria.

Além dos secundários como: ciúme, culpa, orgulho, vaidade e vergonha. Se todos os momentos que vivemos tem carga emocional e se a memória existe em razão da emoção sentida isso significa que o natural é que nos lembremos de tudo o que é vivido, mas por que isso não ocorre? Porque escolhemos esquecer muitas coisas que não tem prioridade para ser lembrada.

Por isso, o autor afirma que “somos aquilo que escolhemos esquecer”! Isso é individual e muitas vezes inconsciente. Carla Tieppo é um das maiores especialistas em neurociência aplicada à educação e ela explica que são os circuitos preferenciais que ordenam a forma como devemos agir diante de uma dada circunstância por conta de aprendizados anteriores. Nós todos temos diversos tipos de memórias (memórias de curtíssimo prazo, de curto prazo e de longa duração).

Se não nos fosse possível esquecer onde estacionamos o carro anteontem e só lembrar onde estacionamos hoje, nossa rotina seria muito mais confusa e acabaríamos tendo muito mais trabalho.

Portanto, a construção da memória é, na prática, a construção de si mesmo! Por sorte ou dedicação essas escolhas vão nos levar a uma realidade de usufruto prazeroso ou não. Como diz o intelectual escritor Mário Quintana, “O passado não sabe seu lugar, está sempre presente!”.

Uma memória nunca estará no passado se você eleger revisitá-la. Sendo nossa vida, portanto, movida basicamente por essas recordações, pois serão elas as responsáveis pela nossa identidade pessoal e por guiar em maior ou menor grau nosso dia a dia, o que valorizamos e o que decidimos viver.

Construa suas boas memoóias, lembre-as! Já as ruins ou improdutivas, esqueça-as. Viva o presente sabendo quem você é!

Fonte: Folha Vitória

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