De acordo com o mergulhador, as ameaças estão surgindo de diferentes formas. Até durante as compras com a família, ele tem recebido ameaças
O mergulhador Fernando Rocha de Lima, de 42 anos, contou em entrevista à reportagem do Folha Vitória que tem recebido ameaças de pessoas que apontam ele como o responsável pela morte de uma orca foi encontrada na praia de Costa Bela, na Serra.
Um vídeo gravado pelos mergulhadores retrata a emoção deles no momento em que o animal se aproxima da embarcação. Fernando chega a tocar na orca que se aproxima e quase sobe no barco. Veja o vídeo:
Apesar de tamanha emoção após o encontro raro, horas depois, Fernando foi surpreendido com a notícia de que a orca que ele e os outros mergulhadores avistaram no mar, foi encontrada morta na areia da praia de Costa Bela, também na Serra.
Desde o ocorrido, além das lembranças, Fernando contou que tem recebido constantes ameaças de pessoas na rua, que relacionam a morte do animal, com o contato do mergulhador.
“Muita gente maldosa me vê na rua e diz que eu matei o animal. Eu estive dentro de um mercado e precisei ir embora porque apontavam para mim dizendo ‘a Polícia Civil vai investigar'”, disse o mergulhador.
De acordo com o mergulhador, nem mesmo a presença da família inibe a ação de desconhecidos que insistem em apontá-lo como responsável pela morte da orca.
“Eu fui comprar presentes de Natal com minha família, um pastor parou o carro, apontou o dedo para mim e disse que eu matei a baleia”, contou o mergulhador, que está preocupado com toda a situação.
Autopsia encontra plástico no estômago da orca
Vale lembrar que exames realizados pelo Instituto Orca detectaram a presença de plástico no estômago do animal.
O diretor do instituto, Lupércio Araújo, apontou que ao analisar o animal e pela quantidade de plástico encontrado em seu interior, a orca estava a pelos menos três semanas em sofrimento, não conseguindo se alimentar normalmente.
O doutor em Oceanografia, Adriano Magesky, explicou que na autopsia feita na orca, além da presença do plástico, outros fatores também impactaram e podem ter prejudicado a saúde do animal.
“A baleia que apareceu na praia, segundo a autopsia, tinha muito plástico ingerido. Isso tem sido comum para muitos mamíferos marinhos e interfere nas atividades do animal, que fica doente, não se alimenta e fica exposto a doenças e outros organismos oportunistas. Segundo a autopsia, também havia mordidas de tubarão-charuto, uma espécie pequena de tubarão que arranca nacos de carne das presas”, explicou.
Magesky reforça que o comportamento das orcas é complexo, pois além de ter o hábito de viver em grupos, esses animais costumam viver em águas mais frias, ou seja, características diferentes das registradas no vídeo.
“O comportamento das orcas é bastante complexo. São animais extremamente inteligentes, então é difícil saber a natureza da interação observada. Pode ter sido curiosidade dela. São animais que vivem em grupos onde há interação entre os membros. São animais de águas oceânicas e mais frias, então é pouco comum aparecerem em regiões costeiras tropicais. Pode ser que ela tenha se desprendido do grupo por estar mais fraca e doente”, apontou o oceanógrafo.
Mergulhador fez tatuagem em homenagem ao animal
O encontro com a orca aconteceu na última terça-feira (20), em Nova Almeida, mas desde então, o profissional não tirou a cena da cabeça. A emoção foi tanta que ele decidiu eternizar a memória com uma tatuagem.
“A ideia surgiu porque esse animal marcou minha vida. Eu sinto um amor como se fosse um filho. É um amor muito grande que eu queria marcar para nunca mais esquecer. Conversando com um amigo, ele deu a ideia de fazer a tatuagem e eu gostei da ideia”, disse Fernando Rocha.
Uma das falas que marcou o vídeo do momento em que os mergulhadores encontram o animal, foi escolhida para integrar o desenho, feito pelo tatuador Willian Aguiar.
“Foi um momento único. Ela me abraçava e faltava entrar do barco. Parecia que ela já me conhecia, foi realmente muito emocionante.”
Veja o resultado da tatuagem: