Atualmente, apenas 45% do esgoto gerado no Brasil é coletado e tratado. Segundo o marco legal do saneamento, até 2033, 99% da população brasileira tem de ter acesso a abastecimento de água, e 90% precisa ter coleta e tratamento de esgoto. A universalização do serviço vai gerar também uma quantidade enorme de resíduos, como o lodo, a parte sólida do tratamento do esgoto. Isso poderia ser um problema se esse material for descartado em aterros sanitários, possuem uma vida útil curta e não vão suportar tamanho volume.
As concessionárias já se movimentam para encontrar uma destinação mais sustentável para o resíduo. Do lodo é possível retirar nutrientes essenciais para os fertilizantes, abrindo caminho para o protagonismo de uma nova indústria no país. A produção de fertilizantes ou de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio pode resolver a dependência da agricultura brasileira, que importa cerca de 85% do que precisa desses insumos.
Percy Soares Neto, diretor executivo da Associação Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto (Abcon), explica que a demanda gerada pela universalização dos serviços de saneamento é tamanha que novas indústrias vão ganhar o protagonismo no país nos próximos anos.
“A gente sempre fala que a grande mudança de conceito do saneamento é olhar a estação de tratamento de esgoto como uma central de matéria-prima. Eu tenho a possibilidade de gerar energia na digestão do esgoto, tenho a possibilidade de gerar água de reúso e tenho a possibilidade de gerar nutrientes. O Brasil é uma potência agrícola e tenho preço de nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio em alta no mercado global em função de uma guerra na Ucrânia, mas o esgoto é riquíssimo em nitrogênio, fósforo e potássio”, explica Soares.
Fonte: Brasil 61