A construção de uma ponte moderna sobre o Rio Jequitinhonha, no sul da Bahia, vem gerando mais críticas do que elogios. Em Belmonte, a estrutura foi apelidada de “Ponte da Traição” pela população, que se sente traída por uma obra que custou mais de R$ 100 milhões e não contempla as necessidades locais.

A ponte foi erguida como parte da BA-658, conectando rodovias próximas à fábrica da Veracel Celulose em Eunápolis. Segundo a empresa, o objetivo é tornar mais eficiente o transporte de madeira de eucalipto, reduzindo distâncias e custos operacionais.

Para os moradores de Belmonte, a construção representa um descaso. A ponte está a mais de 80 km da sede municipal, dificultando o acesso e deixando a cidade de fora dos benefícios da obra, que seria melhor aproveitada se estivesse mais próxima da zona urbana.

A escolha da localização privilegiou interesses logísticos da empresa, conforme denunciam lideranças comunitárias. A população esperava uma estrutura que ajudasse no crescimento econômico da cidade, não um projeto corporativo disfarçado de obra pública.

O desvio da tradicional BA-001, que antes cruzava Belmonte, aumentou a insatisfação. Com a nova rota da BA-658, a cidade ficará fora do corredor turístico e econômico que conecta o litoral nordestino.

Isso impacta diretamente o píer municipal, que depende da movimentação constante de visitantes e comerciantes. Com o tráfego desviado, o risco é de que a atividade econômica no local entre em declínio, afetando toda a cadeia produtiva.

Em resposta, moradores estão se organizando para protestar. Buscam ser ouvidos por autoridades estaduais e pela própria Veracel, exigindo que os impactos da obra sejam revistos com base nas necessidades da população.

Sem respostas oficiais até agora, Belmonte transforma sua indignação em resistência. A “Ponte da Traição” poderá ser o início de uma nova fase de luta por visibilidade e inclusão.