Com a nova decisão, foi revogada a prisão preventiva da advogada que teria participação como pombo-correio do tráfico em presídios do Espírito Santo
Após decisão que soltou o advogado Davi Dickson Meroto Lamas Pereira, a Justiça também reconsiderou decisão de habeas corpus em favor da suspeita Maila Hering nesta quarta-feira (25). Com isso, foi revogada a prisão preventiva da advogada, que teria participação como pombo-correio do tráfico em presídios do Espírito Santo.
A decisão anterior, de mantê-la presa, já havia sido alvo de atenção, já que a ré demonstrou comprovação de que sofre com um mioma uterino, que é um tipo de tumor. Um laudo apresentado ao processo demonstra que ela teve um sangramento uterino, que geralmente é controlado com medicamentos orais e/ou injetáveis.
Apesar disso, durante a audiência de custódia, em 9 de novembro do ano passado, a acusada e sua defesa foram questionadas sobre a medicação e não souberam dizer o nome, limitando-se a falar que a equipe médica da Unidade Prisional usava Paracetamol de 500mg de 8 em 8 horas. Confira trecho da decisão:
“Em que pesem os argumentos trazidos aos autos pela acusada e sua defesa, verifico que não foi demonstrado que o estabelecimento prisional não possui condições de proporcionar o tratamento adequado à acusada”.
Com novo entendimento, a decisão do desembargador Ubiratan Almeida Azevedo, apontou que “a prova dos autos é conducente à concessão do pedido de reconsideração de liminar, por ser a paciente portadora de suposta neoplasia benigna do útero (mioma), ou seja, câncer, carecendo, no momento, de vigilância médica necessária à manutenção da sua saúde”.
Operação prendeu 10 advogados
Davi Dickson, Maila Hering e outros oito advogados foram presos no dia 4 de novembro, durante uma operação deflagrada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES).
Realizada por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a investigação aponta que 11 advogados atuavam como “pombo-correio” de traficantes, alguns deles ligados ao Primeiro Comando de Vitória (PCV). Um dos suspeitos não foi localizado durante a operação.
O pedido de prisão preventiva foi solicitado pelo MPES e atendido pelo juiz Carlos Henrique Rios do Amaral Filho, da 1º Vara Criminal de Viana.
Interceptações telefônicas autorizadas
O documento obtido pelo jornalismo da Rede Vitória aponta que, por meio de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, foi possível identificar que a relação dos advogados investigados com alguns criminosos “ultrapassa o vínculo meramente profissional”.
Segundo o documento, os advogados investigados criaram, em julho de 2021, um grupo no WhatsApp, chamado de “Advogados Unidos”, para facilitar a comunicação.
“Constata-se que o intuito desse grupo era facilitar a comunicação entre os advogados que visitavam internos do sistema prisional pertencentes ao mesmo grupo criminoso alvo da Operação Armistício e que também poderiam ser investigados pelo Ministério Público”, descreve o documento.
O grupo foi criado após a Operação Armistício, realizada em 19 de julho, em que advogados investigados pela mesma conduta foram presos.
Em uma das mensagens enviadas no grupo “Advogados Unidos”, um dos investigados presos chegou a questionar se os membros do grupo seriam os próximos alvos do MPES.
Fonte: Folha Vitória